Provas finais do 9º ano: MECI lamenta…..

O MECI lamenta…

15 de julho de 2025 – dia de divulgação dos resultados das Provas Finais de 9.º ano do Ensino Básico. O Júri Nacional de Exames (JNE) comunica que os resultados serão enviados no dia a seguir ao calendarizado e que as pautas serão afixadas assim que possível.

16 de julho de 2025 – as escolas recebem resultados. Muitas escolas recebem a indicação que a informação deve ser verificada, atrasando, ainda mais, a saída das pautas.

“Esta situação causa constrangimentos óbvios às escolas, aos alunos e às famílias, que o MECI reconhece e lamenta.” (in portugal.gov.pt)

E assim, assistimos ao culminar de um processo que em nada abona a educação portuguesa e o estado da nação.

Ao longo de vários meses, anos até, desde o governo de António Costa, o S.TO.P. vem alertando para a incongruência de práticas de ensino e de avaliação, na perspetiva de prestação de contas nacional e internacional, que nada acrescentam ao conhecimento e à aprendizagem dos nossos jovens.

Começámos por evidenciar, em 2023, que a prática de avaliação digital não iria ter o sucesso esperado pelo governo, pelo simples facto das escolas não estarem capacitadas digitalmente: carência de meios informáticos, redes de comunicação deficitárias e lentas, falta de rede de apoio técnico, entre outros aspetos.

Também assistíamos a um decréscimo da capacidade de interpretação e de relacionamento de conhecimentos por parte dos alunos, que embora detentores de conhecimento de interações digitais, não estão capacitados para o manuseio correto das novas tecnologias, sistemas operativos e outras questões informáticas, dado o desinvestimento nas horas de lecionação da disciplina que lhes permite obter essas competências.

Chegámos a 2025 e assistimos a um investimento cego para que as escolas pudessem responder positivamente ao desafio: realizar provas finais de ciclo em moldes digitais.

Para isso distribuíram-se portáteis a alunos e docentes, deu-se formação aos docentes, mas não se investiu nas aprendizagens dos alunos, não se acautelou apoio técnico para responder ao desafio, não se melhoraram algumas estruturas essenciais. Saliente-se que o apoio técnico não deve continuar a ser feito pelo grupo de professores de informática, nem pelos “curiosos” da área, que devem ter tempo para exercer a sua função de docente.

E para a realização as provas… Fecharam-se escolas, retiraram-se professores das suas disciplinas e alunos, sobrecarregaram-se equipas que já não conseguiam dar resposta ao seu trabalho e ao trabalho extraordinário que lhes fora distribuído para que os números clausus de alunos sem aulas diminuísse ou deixasse de existir…

Foi uma lufa lufa, uma correria insana, para corresponder às exigências do ministério, em curto espaço de tempo.

Dos vários momentos, desde a experimentação até ao dia de aplicação do “digital” para uma prova com implicações nas avaliações finais dos alunos, foram detetados inúmeros problemas, que foram sendo comunicados às diversas equipas ministeriais.

De entre os problemas identificados ou dificuldades (como lhes quiserem chamar) de aplicação da prova, propriamente dita, reportam-se os seguintes: falhas de rede, acesso lento à Internet, acesso lento à plataforma de realização das provas (Intuitivo), códigos de acesso errados, partes do ecrã (onde estavam os números das questões) que ficavam invisíveis, itens que alteravam a sua posição à medida que os alunos reviam as suas respostas, junções entre colunas que não eram aceites, saída inesperada da plataforma, entre outros.

Estes problemas que já tinham sido reportados anteriormente, “ressurgiram” na Prova Final onde os alunos deveriam estar tranquilos, dada a sua importância para a avaliação final.

Surgiu, também, a hipótese de se anular um item da prova de matemática, porque o MECI admitiu ter havido uma falha.

No dia 16 de julho, dia em que já deveria haver resultados publicados, apareceram documentos entregues a encarregados de educação com a possibilidade de solicitarem a anulação da prova e obrigarem os seus educandos a realizar novo momento de avaliação, podendo este ser realizado em agosto.

Durante toda esta espera pelas pautas, surgiam algumas indicações, veiculadas por diferentes agentes educativos, que nos davam a certeza do que andámos a defender ao longo dos últimos anos: políticas educativas, elaboradas em gabinete, sem conhecimento real do contexto em que vão ser aplicadas, é errado!

Políticas educativas que só se preocupam em obter resultados através de monitorizações insanas e descabidas, é errado!

Onde está a seriedade do processo?

Onde está o respeito pelos alunos?

Onde está a consideração pelos profissionais de educação?

O S.TO.P. continua e continuará a defender a escola pública, tanto para os seus trabalhadores como para os alunos, futuro do país.

Juntos somos + fortes!

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